Documentário brasileiro marca terreno na Holanda
No Tuchinsky, um imponente cinema de 90 anos no coração de Amsterdã, na Holanda, os espectadores fazem fila na bilheteria para ver “Amanhecer”, num sábado à noite. Mas, em uma sala menor, naquele mesmo horário, uma sessão de curtas experimentais brasileiros está lotada de holandeses, e quase todos permanecem ali depois para debater os filmes com dois diretores presentes, Carlos Nader e Clarissa Campolina.
Essa foi uma das centenas de sessões do IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), maior festival de documentários do mundo, que exibiu mais de 250 filmes na edição que terminou neste domingo. Mas não foi uma experiência de exceção: quase todas as sessões que presenciei estavam cheias de pessoas interessadas em entender e debater os filmes – em um evento que parece dominar a cidade por dez dias. Como o Festival do Rio ou a Mostra de São Paulo, mas de forma mais concentrada geograficamente e focada apenas em documentários.
Neste ano, o Brasil foi o país homenageado, com retrospectiva dedicada a Eduardo Coutinho e uma seleção de 13 longas dos últimos 13 anos – incluindo “Santiago”, “33”, “Cidadão Boilensen”, “Corumbiara”, “Uma Noite em 67” e outros -, além dos cinco curtas experimentais incluídos na seção Paradocs. Os cineastas brasileiros ficaram surpresos com o tamanho e a organização do festival, as salas e os debates cheios e, sobretudo, com a receptividade do público em relação a propostas cinematográficas distantes tradicionais.