O poder da união: cooperativismo é modelo de desenvolvimento
Para melhor definir o que é o cooperativismo, o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar),João Paulo Koslovski, costuma recorrer ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quando ele diz que “as cooperativas existem para mostrar à comunidade internacional que é possível buscar a viabilidade econômica com responsabilidade social”.
Talvez essa seja a virtude mais evidente do sistema e, de fato, o cooperativismo paranaense tem esse conteúdo com o trabalho de seus 680 mil cooperados, que o transformaram no mais desenvolvido do Brasil. Mesmo tendo nascido com uma identidade social forte, principalmente depois do boom agrícola do Estado, no final dos anos 1960 e 1970, o sistema paranaense desenvolveu-se e evoluiu, incorporando consistentes conceitos de administração. Com isso, transformou-se numa moderna empresa de resultados, sem perder o equilíbrio entre o econômico e o social, numa espécie de modelo para uma sociedade mais solidária e justa.
Há várias explicações para o sucesso do setor, que envolve atualmente 240 empreendimentos e, de alguma maneira, cerca de 25% dos 10 milhões de habitantes do Paraná, sendo responsável por uma geração de riqueza equivalente a 55% do PIB agrícola do Estado e de quase 20% do PIB total. O setor como um todo obteve um faturamento de R$ 30 bilhões em 2011 – um crescimento de 14% em relação a 2010 –, contando com pelo menos 11 empreendimentos com movimentação econômica superior a R$ 1 bilhão ao ano.
A principal delas é o modelo fundiário estabelecido no Paraná nas décadas de 60 e 70 do século passado, que consolidou-se baseado em módulos de menos de 50 hectares, ou seja: pequenas propriedades. Calcula-se que mais de 80% das 380 mil propriedades paranaenses se encaixem nesse perfil. E são os pequenos e médios produtores justamente os que precisam associar-se para competir, ter acesso aos grandes mercados e obter crédito, conhecimento e tecnologia. O grande já tem tudo isso naturalmente. No início da colonização, tanto do norte como do oeste paranaense, o módulo de terra a ser ocupado e definido pelo Incra na época era de 12 alqueires (25 hectares) e, para um produtor sobreviver com essa área, não podia estar sozinho.