Errata Almanaque dos Imigrantes 10: Cooperativa Agro-Pecuária Holambra
O Almanaque dos Imigrantes, edição 10, não continha informações sobre a Cooperativa Agro-Pecuária Holambra no seu histórico das principais cooperativas de base holandesa em atividade no país. Segue abaixo, um panorama histórico dessa cooperativa:
Com a Europa devastada pela II Guerra Mundial e buscando novas perspectivas de vida, grande parte dos agricultores holandeses saiu à procura de uma terra fértil e produtiva para reconstruir seus ideais. Na época, o Brasil era o único país que aceitava imigração em grupo. Esse fator, aliado às boas condições de clima e solo brasileiro, fez com que lavradores e horticultores católicos estudassem a possibilidade de instalar um núcleo no país.
Assim, em 5 de junho de 1948, nascia a COOPERATIVA AGRO-PECUÁRIA HOLAMBRA, cujo nome é uma associação das palavras Holanda, América e Brasil. Com o apoio do Governo brasileiro, foi adquirida em Mogi Mirim, SP (terras que posteriormente passariam a integrar os municípios de Jaguariúna, Artur Nogueira e Cosmópolis) a Fazenda Ribeirão, com 5.000 Ha (cerca de 2.000 alqueires). Não é difícil imaginar as dificuldades que este fato acarretava. Cabia a Cooperativa exercer, além de suas atividades fins, o papel de “prefeitura” do local (isso antes da emancipação). A história de Holambra não pode ser contada sem a CAPH, com o objetivo de viabilizar a comercialização da produção dos “holambrenses”, o cooperativismo foi o embrião do desenvolvimento da cidade.
Os imigrantes iniciaram o estabelecimento de granjas com produção variada e, através de empréstimos dos governos brasileiro e holandês, puderam comprar máquinas e implementos para trabalhar o solo da fazenda, que foi o núcleo inicial da Cooperativa.
A vida econômica da Holambra baseou-se inicialmente na pecuária. Em pouco tempo perceberam que o gado holandês trazido da Europa não se aclimataria ao Brasil. Após esta constatação começam a se dedicar com mais afinco à agricultura, avicultura e suinocultura.
O progresso do setor de aves e ovos foi sólido e a produção vendida nos anos de 1967 a 1969 chegou até mais da metade de todas as vendas da Cooperativa em conjunto. Os cooperados obtiveram melhor rentabilidade nesse setor em detrimento de Gado e Leite (que em rentabilidade não puderam competir com as Aves) e a Suinocultura caracterizada por longos períodos de preço em baixa. A dependência dos resultados de apenas um setor é sempre muito perigoso, mas a participação das aves e ovos baixou para 37% no total das vendas da Cooperativa, dando mais equilíbrio.
A Agricultura tomou, em 1970, a tradicional liderança sobre a Pecuária na CAPH, graças a três produtos. O mais notável surto de desenvolvimento verificou-se com a Floricultura, que no último ano superou, no setor agrícola, a Citricultura e a Cotonicultura.
Nos anos 80 a produção de flores começou a aumentar atendendo a demanda crescente. Novas tecnologias e mudas asseguraram qualidade e eficiência. A CAPH distribuía seus produtos para todo o Brasil. Procurou-se a distribuição através do CEASA em Campinas onde cada produtor comercializaria seus produtos. Com esse sistema os atacadistas rapidamente se fortaleceram e os produtores se enfraqueceram.
Essas dificuldades obrigaram a CAPH a buscar alternativas para o problema da distribuição. Surgiu então o Veiling, nos moldes holandeses onde as vendas passaram a funcionar todas as manhãs antes do CEASA. Com isso, os atacadistas passaram a formar os preços no Veiling sem forçar os produtores ou a CAPH a diminuírem suas margens. A utilização de tecnologia e a qualidade da produção transmitiram ao mercado uma imagem de profissionalismo e competência e o nome Holambra passou a reinar no mercado de produtos de qualidade.
Para mitigar os riscos da concentração de negócios em flores, no fim dos anos 80 os produtores passaram a diversificar sua produção e muitos passaram a abrir granjas de aves e suínos. A CAPH buscou a diversificação porque acreditou que o mercado de flores estava perto de uma queda forte de preços e demanda. Com isso a CAPH passou a abater e a distribuir frangos e comercializar suínos em pé. A diversificação nessas indústrias oferecia um retorno relativamente rápido na área de frangos e boas margens no caso dos suínos e embutidos.
A CAPH estava realizando seus investimentos quase exclusivamente com financiamentos. Na época, o crédito era fácil e a taxa de juros subsidiada, e o endividamento da CAPH cresceu rapidamente.
Em função da diversificação, a CAPH, nos anos 90 resolveu se organizar em unidade de negócios. Cada atividade passou a ser administrada como uma unidade separada com independência administrativa, porém com o caixa centralizado a nível de cooperativa e não a nível de unidade de negócio.
Antes do advento do Plano Real, as integrações de frangos e suínos, produtores de flores e outros setores da economia agrícola pararam de fazer investimentos para expandir sua capacidade produtiva. A ampliação do abatedouro da CAPH (90/91) preencheria a necessidade de diversificação dos seus cooperados, bem como a instalação de sua operação de abate de suínos e produção de embutidos (anos 94 e 95). No entanto as expectativas não se materializaram. A oferta na região foi muito acima da demanda e as margens foram espremidas.
Em 2001 e 2002, foram desmembradas as três novas cooperativas da CAPH, Cooperativa Veiling Holambra – CVH, Cooperativa de Insumos, Defensivos, Fertilizantes e Sementes Holambra – SCAIH e Cooperativa Pecuária Holambra – CPH. Isso, porque cooperativa multifuncional, no mundo todo, está dando lugar à cooperativa especializada.
A Cooperativa Agro-Pecuária Holambra – CAPH ganhou papel de “holding” / Central, que equaciona com seus credores o passivo e com seus devedores o ativo.
A Cooperativa Holambra detém tecnologia e produtividade suficientes para situá-la como uma das regiões de maior produtividade agrícola e agro-industrial do Brasil.
O Cooperativismo na Holambra tem uma filosofia que pretende a humanização do capitalismo e seu objetivo vai além do campo econômico (“operar para melhor competir”), pois procura também promover o bem estar social de seus cooperados e funcionários.
Flores e Plantas
O plantio iniciou-se em 1957 quando alguns imigrantes trouxeram os primeiros bulbos (tubérculos, lembram uma batata, de onde brota a planta). Com a aquisição do primeiro conjunto de irrigação os produtores começaram realmente a se dedicar com profissionalismo e eficiência a essa atividade agrícola. Investimentos em câmaras frias, estufas para as plantas e sistemas de vendas e transportes vieram incrementar definitivamente o setor a partir da década de 70. Vários produtos são exportados estes tendo reconhecimento e qualidade no Brasil e no exterior.
Hoje a Cooperativa Holambra, através de seus cooperados, é, sozinha, a maior produtora de flores e plantas ornamentais do Brasil. Participa com cerca de 40% da produção nacional do setor. Seus cooperados exportam para os mais diversos países do mundo, inclusive para a própria Holanda.
São cultivadas aproximadamente 180 espécies de flores e plantas divididas em mais de 2 mil variedades.
Produtos
Plantas, flores, frutas, trigo, aveia, milho, algodão, verduras entre outros.
Animais: Frango para abate, vendidos inteiros ou em partes, produção de ovos, suínos, etc…
Produção
Frangos: cerca de 75 mil frangos por dia
Leite: cerca de 3 mil litros de leite por dia
Ovos: cerca de 300 mil ovos por dia, embora os associados não comercializem através da Cooperativa;
Suínos: cerca de 10 mil suínos para abate ao mês, embora os associados não comercializem através da Cooperativa;
Ração: aproximadamente 11 mil toneladas/mês;
Pintainhos (pintinhos de um dia): 1,2 milhões/mês;
Flores e Plantas – Os números e as variedades são grandes, citamos alguns:
> Violetas – cerca de 26 mil vasos/ano
> Rosas – cerca de 10 mil unidades/mês
> Crisântemos – aprox. 900 mil maços/ano