Coletando lembranças e tecendo memórias do feminino – A contribuição de Wilhelmina Verschoor
Reprodução em homenagem Wilhelmina Reugenbrink Verschoor
O Parque Histórico sempre buscou trazer a tona questões pertinentes para a contemporaneidade: sustentabilidade, cooperativismo, economia criativa e integração cultural são temas comuns na abordagem temática dos espaços museais do APHC. A mais nova proposta é o espaço dedicado à memória das mulheres imigrantes, o projeto é alinhado com as perspectivas da emergência da nova museologia, presentes nas discussões atuais da museologia social e no direcionamento para a museologia de gênero.
Em forma de exposição de longa duração, com pertences pessoais e fotos de mulheres imigrantes, o espaço busca reescrever a narrativa da formação histórica do município dando o devido protagonismo à figura da mulher.
Uma das motivações para a criação do projeto foi a trajetória e história da pioneira Wilhelmina Verschoor, que muito contribuiu para o crescimento e bem estar da antiga colônia.
WILHELMINA REUGENBRINK VERSCHOOR
Wilhelmina Reugenbrink Verschoor deixou a comunidade de Gonçalves Junior, na região de Irati, juntamente com seu marido e transferiu-se para a Colônia de Carambehy. Mina, como era chamada carinhosamente, não se identificava como pioneira, mas provavelmente como mulher holandesa, como mãe, esposa e tia. Uma mulher batalhadora, que além dos quatro filhos, criou os sobrinhos que ficaram órfãos.
Nas duas primeiras décadas do século XX, além das tarefas do lar, de mãe e esposa, Wilhelmina assumiu as funções de cuidar dos doentes e de parteira. Durante anos ela e a filha Wilhelmina Verschoor Los foram responsáveis pelo nascimento de várias crianças na comunidade, e como tal, muitas vezes tiveram que sair de suas camas quentes, em noites de inverno rigoroso, para caminharem na escuridão e no frio, a fim de atender as gestantes em processo de parto. Dessa forma, naqueles anos difíceis e com poucos recursos financeiros e de transporte, a comunidade contou com sua dedicação que, além de dedicar-se a todas as atividades domésticas, prestou atenção e cuidado a homens e mulheres.
Wilhelmina, também organizou a primeira Biblioteca de Carambeí ainda nos primeiros decênios do século XX. Preocupados com a comunidade, ela e seu esposo Leendert Verschoor solicitaram livros a uma instituição cultural holandesa. Inicialmente organizou a biblioteca em sua casa, já na década de 40, os livros foram levados para a casa da senhora Geralda Harms, e mais tarde transferidos para o Clube Social onde permanecem até hoje.
Legitima representante feminina, Wilhelmina foi sumamente importante nos primeiros anos da colonização holandesa em Carambeí, ajudava o marido com os doentes, consolava e aconselhava os necessitados.