
Teuntje de Geus
Habilidosa com os trabalhos manuais, também era conhecida por sua religiosidade e bondade.
Teuntje de Geus era reconhecida pela comunidade holandesa da Colônia Carambeí por ser uma ótima costureira, apesar de costurar somente para a família. Foi em s’-Gravendeel, província de Zuid Holland, que no dia 30 de junho de 1882 nasceu Teuntje, filha do casal Aart Jan de Geus e Leentje Kranendonk, se casou com Hendrik Gerrit Harms e tiveram nove filhos, em 1913 mudou para o Brasil.
Vestido confeccionado por Teuntje de Geus que integra a exposição de longa duração Espaço da Memória Feminina
Tante (tia) Teu, como era carinhosamente chamada, reaproveitava os sacos utilizados nas embalagens de cereais, não desperdiçava nenhum pedaço de pano, com sua destreza com a linha e a agulha transformava qualquer tecido em lindas peças de roupas para a sua família. Era comum que as donas de casa costurassem, pois as vestimentas compradas eram caras e as famílias geralmente numerosas. Ela confeccionava roupas intimas, trajes para as crianças, camisas masculinas, usa de sua criatividade para produzir belas vestes, reformava as que estavam desgastadas pelo tempo de uso e quando não havia mais como reutilizar usava o tecido como pano para limpeza.
A costureira também se destacava com as agulhas de tricô e crochê, fazia desde meias a até colchas, um trabalho minucioso e encantador que ensinou suas filhas e netas.
A senhora Teuntje chegou a fazer um vestido de noiva para uma jovem holandesa que chegou na Colônia com o casamento marcado com Steffen Elgersma, a celebração foi agendada com o saudoso pastor Muller. Foi uma surpresas para todos quando a jovem abriu a sua mala de viagem para mostrar o seu belo traje para o casamento, era preto e com um tecido muito pesado, uma tradição nos Países Baixos, mas para comunidade esse era um costume um pouco estranho e a talentosa Tante Teu tratou logo de confeccionar um belíssimo vestido branco para que a noiva pudesse casar segundo a tradição local.
Mulher de muita fé, extremante conservadora, algumas vezes severa em assuntos relacionados a religião e temor a Deus. O domingo, considerado o dia do Senhor, em sua família era guardado com muita devoção e as únicas atividades permitidas neste dia eram ler a bíblia e cantar hinos religiosos. Reunia sua família ao redor do órgão, tocava cânticos ao Senhor e cantavam juntos. Possuía um hinário grosso, mas o seu hino preferido era o cântico holandês Er ruist langs de wolken, a tradução de um trecho é assim: “As vozes escutam um nome muito querido, o do nosso Senhor, Aquele que une o céu e a terra”. A comunidade holandesa de Carambeí ainda hoje canta essa música nos cultos e celebrações. Outra música que gostava era o Salmo 68, a estrofe dez do livro de cânticos, que diz “Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos cumula de benefícios; o Deus que é a nossa salvação”.
A destreza com a linha e a agulha faziam de Tante Teu uma excelente costureira
Bondosa, hospitaleira, acolhia a todos, estes são alguns dos atributos que marcaram a personalidade de Teuntje. Uma senhora que sempre estava bem vestida e usava trajes escuros. Com problema no coração, e como na época não havia tantos recursos, passava a maior parte do seu tempo sentada e se ocupava com os trabalhos manuais. Faleceu de enfarte no dia 22 de setembro de 1956. Ainda hoje é lembrada, suas histórias são contadas entre seus descentes e a sua trajetória é narrada no Parque Histórico de Carambeí, na exposição de longa duração Espaço da Memória Feminina que traz as mulheres da comunidade como protagonista na história da formação do município.
Serviço:
O Espaço da Memória Feminina é uma exposição de longa duração que representa todas as mulheres de Carambeí, fica no piso superior da Casa da Memória e no momento está fechado para visitação devido a pandemia, mas pelo link https://www.aphc.com.br/memoriafeminina/ está disponível na exposição virtual no site Parque Histórico de Carambeí.