Mostra Fotográfica: A Vida na Holanda Antes da Imigração

A comunidade de imigrantes holandeses que se fixaram na região dos Campos Gerais do Paraná, mais especificamente em Carambeí, se distinguem dos demais grupos migratórios estabelecidos na localidade pela importância dada aos registros de sua atuação desde os primeiros momentos. Máquinas fotográficas que no início do século XX eram tidas como um artigo de luxo no Brasil, foram um dos itens trazidos pelos imigrantes que possibilitaram o registro do grupo e seus passos nessas terras. O objetivo da mostra é evidenciar a captura dos momentos vividos na Holanda antes da partida rumo a imigração.

O registro fotográfico deste ínterim revela as nuances dos diferentes contextos históricos em que viviam essas famílias. A paisagem, arquitetura, cultura, vestimentas e a vida cotidiana dão o tônus da exposição. Uma Holanda em pleno desenvolvimento e em rápidas transformações sociais e tecnológicas emerge como pano de fundo nas imagens, rompendo com a ideia cristalizada de que um dos principais motivos para a imigração fossem fome e miséria.

No entanto, os motivos foram diversos, incluindo as dificuldades de uma Europa em ebulição e a esperança de construir uma vida de oportunidades, prosperidade e bonanças em um país amistoso foram preponderantes na decisão de partir.

AS DIFICULDADES DO COTIDIANO

No século XIX, as opções de entretenimento eram muito diferentes do que temos hoje com a tecnologia e os canais de mídias sociais. Na época, porém, as pessoas tinham mais contato social, os vizinhos se reuniam para trocar notícias e muitos buscavam entretenimento e lazer em bares locais, cafeterias e praças.

A vida tinha suas dificuldades, especialmente no campo, nas aldeias e nas áreas pobres das cidades. Trabalho intenso e árduo teve que ser feito e apesar da chegada da revolução industrial, que trouxe consigo grandes inovações, muitas famílias viviam na pobreza.

Os homens trabalhavam longos dias no campo ou nas fábricas, as mulheres geralmente ficavam em casa para cuidar da família. Manter uma família grande com o salário de apenas uma pessoa era muitas vezes uma tarefa difícil.

No campo, as pessoas viviam principalmente das colheitas que eles próprios cultivavam e do gado criavam. As famílias que não tinham suas próprias fazendas muitas vezes tinham mais dificuldade para obter alimentos suficientes.

VIRADA DE SÉCULO

Na Holanda, por volta de 1880 – ao contrário dos países vizinhos – a industrialização mal havia começado. No entanto, foi durante esse período que começaram as mudanças significativas. A ascensão da indústria pesada, a construção de uma rede ferroviária e outras inovações técnicas transformaram a vida cotidiana.

Entre 1879 e 1920, a população da Holanda cresceu de 4 milhões de habitantes para 6,9 milhões. Este crescimento foi alcançado apesar do declínio nas taxas de natalidade e foi principalmente atribuível ao declínio na taxa de mortalidade devido à melhoria da nutrição, maior atenção à higiene e cuidados médicos. As grandes epidemias deixaram de ocorrer no período 1880-1920, com exceção da gripe espanhola de 1918. Essa crescente população da Holanda vivia em uma sociedade na qual a ascensão e queda social das pessoas ainda não era um fenômeno comum. A posição social era mais importante que a econômica.

A industrialização criou novas oportunidades de emprego nas cidades e novas áreas industriais. No decorrer do período 1880-1920 vemos o surgimento de empresas bancárias modernas, indústria química, indústria elétrica e grandes empresas industriais.

Com a industrialização, novos grupos da população tornaram-se importantes, como trabalhadores qualificados na indústria e grupos médios no setor de serviços. Devido às mudanças econômicas, a prosperidade da população aumentou gradualmente.

ANOS DE GUERRA

Em 10 de maio de 1940, as forças alemãs invadiram a Holanda, especificamente a área do centro de defesa holandês, incluindo Amsterdã, Haia e Roterdã. Hitler violou a neutralidade da Holanda porque queria impedir que as tropas britânicas usassem o país para atacar as tropas alemãs.

Durante a ocupação, a vida dos grupos não perseguidos era quase normal, as pessoas ainda trabalhavam, iam a clubes desportivos e teatros. As mudanças ocorrem pouco a pouco, a imprensa deixa de ser gratuita e as necessidades diárias se tornam cada vez mais difíceis devido à escassez.

Os ocupantes alemães também impuseram várias medidas restritivas, como carteiras de identidade, cortes de energia noturnos, vespertinos e toque de recolher. A ocupação passa então a se tornar cada vez mais perceptível para a população holandesa.

Para muitos, a guerra significou principalmente escassez e carência. No entanto, não havia fome, exceto durante o ‘inverno da fome’ de 1944/45 nas principais cidades do oeste do país. Durante o conflito a comida foi racionada e um circuito de mercado clandestino se criou, especificamente no último ano da guerra.

MUDANÇAS SOCIAIS

Na virada do século XIX para o XX, parcela significativa da população emigrou do campo. Parte disso é migração para ambientes urbanos, mas grande parte também é emigração para o exterior. A industrialização seguiu um fluxo forte e contínuo, especialmente no Leste e no Sul, como resultado da urbanização subsequente.

O setor de serviços também se expandiu. Tudo isso contribui significativamente para o crescimento econômico, mas a urbanização também tornou visíveis as classes sociais mais baixas da sociedade. Começou a surgir uma (pilarização ou polarização) que, com seu caráter burguês, caracterizaria a sociedade holandesa até a década de 1960.

O aumento da prosperidade foi acompanhado pelo florescimento das artes e das ciências. A pobreza genuína desaparece gradualmente e as condições de emprego recebem uma base legal. O status das crianças melhorou lentamente com a introdução da Lei das Crianças Van Houten em 1874 e a introdução da educação obrigatória em 1901.

RETRATOS DE FAMÍLIA

No início, a fotografia de família tinha um alto custo por sessão e apenas pessoas ricas podiam se dar ao luxo. Eles se preparavam cuidadosamente para os retratos – as roupas eram escolhidas não por questões estéticas, mas para mostrar a história de sua família, preservar os detalhes de suas vidas. Chapéus, adereços, barbas, gestos, poses podem contar muito sobre a história, a moda da época, a relação entre os familiares.

Assim, é possível dizer que os álbuns de família têm uma função social, uma vez que, para além da memória, também são usados para apresentar às pessoas, por exemplo, características físicas, semelhanças entre irmãos, valorização do patrimônio e também traçar uma árvore genealógica que atesta em imagens a existência daquela família pelo tempo e espaço. Estes álbuns e este orgulho estão diretamente relacionados à percepção social do que é família.

A comercialização da primeira câmera Kodak em 1888 também ajudou a tornar as fotografias acessíveis à classe média. Mas foi somente no início do século XX que a fotografia explodiu.

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