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Monarquia Constitucional nos Países Baixos

A Constituição dos Países Baixos, promulgada em 1815 e vigente até hoje, reformada ao longo dos séculos XIX e XX (em especial com a revisão de 1848 e a modernização em 1983), estabelece que esse Estado consiste numa monarquia constitucional, com uma democracia parlamentar. Isso significa que o governo é exercido pelo rei (ou rainha), pelo primeiro-ministro e pelos ministros, sendo a figura do monarca resguardada pela constituição, enquanto aquele que representa a unidade do reino e a legitimidade soberana da nação. É importante ressaltar que o Reino dos Países Baixos é formado não somente pelo território que compreende os Países Baixos, mas também os territórios que compuseram algumas de suas colônias, no caso, Aruba, Curaçao e São Martinho, cada qual com seu próprio sistema de governo, que no entanto, têm como chefe de Estado, Guilherme Alexandre Claus Jorge Fernando, descendente da dinastia Orange de Nassau, sendo investido em 2013, quando da abdicação da Rainha Beatriz, filha da Rainha Juliana. Desde que os Países Baixos constituíram uma nação, a Casa de Orange-Nassau é a dinastia que detém, tradicional e legitimamente, o direito ao trono.

Bernardo de Lipa-Biesterfeld

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Em 1937, a Princesa dos Países Baixos, Juliana, única filha da Rainha Guilhermina e do Duque Henrique de Meclenburgo-Schwerin, casou-se com Bernardo Leopoldo Frederico Evandro Júlio Carlos Godofredo Pedro, descendente do Príncipe Bernardo de Lipa, da Casa de Lipa-Biesterfeld, de origem alemã. Com a investidura de sua esposa no título de rainha, Bernardo tornou-se Príncipe Consorte dos Países Baixos em 1948, com a abdicação da Rainha Guilhermina, ocupando o cargo até 1980, quando sua filha Beatriz é investida como monarca, tornando Claus von Amsberg, também de ascendência alemã, príncipe consorte.
Príncipe Bernardo foi uma figura popular para os neerlandeses, que teve sua imagem construída como herói da Segunda Guerra Mundial, embora sua controversa filiação ao Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães na década de 30 e seu exílio na Inglaterra, junto à rainha Guilhermina durante o período da ocupação dos Países Baixos pelas tropas nazistas.

Visita do príncipe à Colônia Carambeí

(Castro – outubro de 1959)

O memorialista da imigração neerlandesa na Colônia Carambeí, Hendrik Adrianus Kooy, ao se referir à década de 1950, escreve na obra Carambeí 75 anos: 1911-1986: “um novo tempo começa”. A chegada de famílias oriundas das Índias Orientais Holandesas, que investiram capital na colônia, a formação de novas famílias pelo casamento, o aumento da produção leiteira pela criação de gado puro de origem trazido da Frísia por imigrantes frísios, o desenvolvimento da agricultura propiciada pela chegada de tratores e a fundação de uma cooperativa central, juntamente com a recém-fundada colônia Castrolanda, propiciaram o desenvolvimento social e econômico da colônia.
A vida obedecia a uma nova dinâmica. Cada vez mais, os colonos neerlandeses e seus descendentes viam-se inseridos na sociedade brasileira, produzindo e colhendo frutos no território que os acolheu, sem deixar, no entanto, de lembrar da terra que abandonaram do outro lado do Atlântico. Forjaram sua identidade e trataram de eleger seus patrimônios, constituindo em Carambeí um estilo de vida próprio, que conciliou tradição e inovação.
A visita de um membro da Casa Real Neerlandesa à colônia era coisa muito séria, que mobilizaria todas as famílias e instituições estabelecidas no território. O evento se tornaria o momento do fortalecimento de um laço rompido pela distância e pelo tempo.

A visita do príncipe-consorte dos Países Baixos à colônia estava marcada para fevereiro de 1959. Todos os preparativos estavam arranjados, mas na última hora, uma doença do príncipe impossibilitaria a viagem. Como já estava tudo pronto, os colonos resolveram realizar um evento festivo. Na cadeira enfeitada, foi convidado a sentar-se o sr. Klaas Prins (príncipe em neerlandês), que morava na colônia à época.

Em outubro, todos os preparativos estavam ganhando um contorno “muito oficial”: representantes da embaixada dos Países Baixos haviam visitado a colônia antecipadamente para fiscalizar todos os espaços, os quais, possivelmente o príncipe se dirigiria. Até mesmo o banheiro da casa do Sr. Biesheuvel, onde seria recebido, teria de ser modificado, tendo sido comprada uma nova tampa, cor dourada, para o W.C.
Com a chegada da comitiva, alguns brasileiros confundiram o ajudante do príncipe com o próprio, já que aquele usava um uniforme solene, enquanto este trajava um terno. O ilustre visitante conheceu a colônia, passando pelos ambientes de maior estima da comunidade, como a ferraria, a escola, um estábulo e a cooperativa.
Ao perguntar ao Sr. Hendrik Meyer onde se encontrava o banheiro, o velho conhecido indicou um esconderijo entre as muitas árvores que havia no lugar da festa. Mas o príncipe não arriscou, ponderando que poderia ser fotografado naquela situação, se dirigindo ao sanitário do clube, como um súdito qualquer.
Uma churrascada à moda brasileira foi servida no clube, onde se deu a recepção oficial. O Sr. Jacob Voorsluijs proferiu a palestra dessa recepção sem qualquer roteiro, já que aquele que havia escrito fora modificado e mutilado pelo estado maior da embaixada dos Países Baixos. O memorialista Hendrik Kooy assim descreveu:

“De improviso ele proferiu a sua palestra numa maneira inesquecível para todos.
Após isto, o príncipe começou a fumar o seu cachimbo e pediu mais um conhaque, todos sabiam que ele se sentia muito à vontade” (KOOY, 1986, p. 189).

Ficha técnica

Pesquisa e curadoria: Fernanda Homann Hrycyna
Conservação e montagem: Karen Barros e Luan Guimarães Becher

Revisor de texto e direção de arte: Felipe pedroso
Projeto gráfico: Alan Henrique Rufino

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