
Beleza em exibição
Contemplação e encantamento
A arte da pintura floresceu nutrida por um público entusiasta e apaixonado pela cor, pelo detalhe realista e pelas imagens exatas de suas próprias vidas.

Sobre a exposição
Mais que obras de arte
A exposição oferece aos visitantes a oportunidade de apreciar a arte decorativa e a arte de interior, utilizada nas residências da antiga colônia de Carambeí no decorrer dos anos. Os itens a mostra fazem parte do acervo não exposto da instituição: pinturas, ilustrações, fotografias e bordados, todos doados pela comunidade local.
Os gêneros de arte dizem muito sobre a identidade deste grupo, em sua grande maioria, os motivos pintados ou bordados remetem a símbolos e paisagens dos Países Baixos, evidenciando um aspecto estético de pertencimento. Também há entre eles paisagens locais com exaltação da araucária, símbolo do Paraná, retratos, fotografias e arte inglesa com característica vitoriana, muito difundida entre os anos 1960 e 1980 no Brasil. Em suma, a apreciação do belo está relacionada com a reprodução de paisagens bucólicas, românticas e com a sua própria história.
Para esta comunidade, moinhos são muito significativos, principalmente porque remetem a uma cultura própria da região de onde vieram, especificamente o sul da Holanda. Deste modo, na cultura da colônia os moinhos são ícones de extrema representatividade e estão apresentados tanto em gravuras como pinturas e bordados.
O bordado e as artes manuais, por sua vez, não se encontram subjugadas às demais artes como a pintura, pelo contrário, o bordado possui um forte traço cultural para esse povo e assume um lugar de destaque em suas residências e naquilo que consideram belo, sendo muito valorizadas por eles.
Paul Zumthor, um importante historiador que debruçou seus estudos sobra a vida cotidiana, relata em seu livro “A Holanda no tempo de Rembrandt” a vida doméstica e a distribuição espacial dos cômodos das residências na Holanda e o apreço das mulheres neerlandesas pelas práticas manuais, que também está ligado ao sentimento da valorização do lar. “Instalaram-se num quartinho anexo (que, na casa das pessoas simples, se confunde por vezes com o antigo ‘quarto do fundo’), onde se desenrola a maior parte de sua vida. É ali que costuram, tricotam, servem as refeições cotidianas. ”
Em um texto sobre as Repúblicas Holandesas do século XVI e XVII o autor discorre sobre o gosto do holandês pela arte, especificamente pela pintura: “ (…) o gosto pela pintura não se restringia aos abastados. Um viajante inglês que visitou o país em 1640 admirou-se que ferreiros, sapateiros, etc. têm um ou outro quadro em suas forjas ou bancas. Assim é a noção, inclinação e deleite geral que os habitantes deste país têm em relação à pintura. ”
A arte sempre foi apreciada na colônia de imigrantes holandeses e esteve ligada a muitas das características de formação da identidade do povo holandês, que floresce no apogeu de sua cultura, no século XVI e XVII. É nos Países Baixos inclusive que acontece a democratização da arte entre a população comum, trazendo à tona o tema da vida cotidiana.
A exposição Arte Decorativa retrata isso, o gosto dessa comunidade por determinadas temáticas, a resistência e manutenção pela sua identidade e os itens e peças de arte que por muito tempo adornaram suas residências.
Ficha técnica
Curadoria: Felipe Pedroso
Assistentes e montagem: Leonardo Pugina, Karen Barros, Natália Westphal
Diagramação e webdesign: Lucas Los