Mesa posta: o chá e o café na cultura holandesa

Imagem: ‘Het nieuwe lied’, Jan Josef Horemans (II), 1740 – 1760. Acervo Rijkmuseum
A Holanda Renascentista dos séculos XVI e XVII teve papel fundamental na difusão do consumo do chá e do café em toda Europa, conhecidos como notórios navegadores e cartógrafos, os holandeses dominaram o comércio mundial neste período. Deram início em suas colônias tropicais a produção em larga escala de produtos da alimentação moderna, como o açúcar e o café – antes restritos à produção oriental e a mercantilização árabe – isso possibilitou o barateamento dos artigos considerados de luxo e a popularização de seu consumo.
As bebidas a princípio eram consideradas um medicamento, posteriormente com a adesão das elites e da burguesia no gosto pelos excêntricos produtos além-mar, seu consumo passou a ser um diferenciador social. O protestantismo, religião adotada após a Reforma, também favoreceu a propagação do hábito de beber chá e café, pois atribuía às bebidas aspectos morais de sobriedade.
Grande parte dos hábitos e costumes do povo holandês hoje advém do período conhecido como a Idade de Ouro Neerlandesa ou o Século de Ouro dos Países Baixos, um período da história em que a República Unida dos Países Baixos ascendeu e transformou-se no país mais rico do mundo. Esse momento foi marcado pelo grande desenvolvimento econômico dos centros urbanos como Amsterdã e Roterdã, pela inovação financeira e pelo florescimento comercial onde a abastada classe mercantil pode investir em arte e artigos de luxo provindos do Oriente e das Américas.
Deste período, o consumo das bebidas coloniais associadas ao consumo do açúcar e também das peças de cerâmica finas e delicadas vindas da Ásia proporcionaram o surgimento de hábitos e costumes pela aristocracia e burguesia neerlandesa. Utensílios de luxo eram importados do Oriente para adornar as mesas das ricas famílias em seus momentos de contemplação.