Parque Histórico realiza entrevistas com a comunidade
O projeto História Oral registra e preserva histórias de vida. Os entrevistados são definidos pelo corpo técnico do museu, em conformidade com as pesquisas realizadas em determinado período.
O Núcleo de História e Patrimônio do museu Parque Histórico de Carambeí dá continuidade ao projeto Vozes do Passado, que integra o Programa Memória Plural lançado em 2018. Neste ano, o corpo técnico da instituição realizou quatro entrevistas. O projeto é contínuo, colaborativo e a comunidade é o personagem principal. A metodologia utilizada é da história oral. São realizadas entrevistas em áudio para colher depoimentos de pessoas que residiram ou ainda residem em Carambeí.
“O mais importante do projeto é seu caráter continuado, tendo nas narrativas orais o objetivo de preservar a memória e documentar a história”, afirma Felipe Pedroso que é historiador e curador do Parque Histórico.
“Por meio de entrevistas e depoimentos, capturamos relatos pessoais e experiências que não estão necessariamente registradas nos documentos oficiais da instituição”, explica Karen Barros, historiadora e coordenadora cultural do museu.
Para construir o Parque Histórico e organizar as comemorações do centenário da imigração holandesa no Brasil, nos anos de 2010 e 2011 foram realizadas entrevistas com a comunidade. Pedroso descreve as diferenças entre as entrevistas que aconteceram no período comemorativo e as que estão acontecendo.
“As entrevistas realizadas agora não são semelhantes às já realizadas em 2010/2011, são metodologias distintas. Naquele momento eram rodas de conversas, agora são entrevistas colaborativas de história oral onde o que importa são as narrativas de vivências pessoais, suas sensibilidades e subjetividades de como vêem suas próprias trajetórias como sujeitos históricos”, conta o curador.
Barros, complementa o relato do curador. “As entrevistas são marcadas pela trajetória dos personagens, são ricas em detalhes e nuances que trazem um olhar sobre a história e a cultura. Revelam aspectos mais humanos e subjetivos da história”.
Com o projeto os historiadores fomentarão os estudos e organizarão uma narrativa em conformidade com as memórias da comunidade. “Os registros que retratam a vivência dos colaboradores entrevistados, visam a manutenção de um banco de dados democrático e plural com a finalidade de ampliar as pesquisas acerca da formação sócio-cultural da cidade e seus desdobramentos,” expõe Pedroso.
A coordenadora comenta que a atividade enriquecerá o acervo do museu, também valorizará as histórias e vivências da comunidade, colocando-as nas narrativas difundidas pelos profissionais da intuição. “O projeto contribuirá para uma compreensão mais profunda e completa da história da região, por meio da preservação e disseminação de memórias e experiências únicas e valiosas. Além disso, a iniciativa pode ser uma oportunidade para aproximar a comunidade do museu e promover a valorização e preservação da história e da cultura local”, afirma Barros.
Alguns relatos chamam a atenção dos historiadores, e permitirão construir a narrativa a partir do ponto de vista de cada entrevistado. “As experiências e vivências cotidianas permitem compreender as transformações sociais, culturais e econômicas da região. As memórias afetivas ajudam a reconstruir as trajetórias individuais e coletivas da comunidade. As visões e perspectivas sobre a história e a cultura local, que podem ser diferentes das versões oficiais ou da memória coletiva. As histórias sobre a formação da comunidade e a diversidade cultural, que evidenciam as relações sociais e culturais presentes na região”, conta Karen.
A comunidade é convidada a participar do projeto, contar suas memórias, de acordo com recortes temáticos e temporais pesquisados pela equipe do museu. A escolha dos entrevistados é minuciosa e ocorre em conformidade com os assuntos trabalhados em cada período.